Project Description
Geriatria
É que tem mais chão nos meus olhos do que cansaço nas minhas pernas, mais esperança nos meus passos do que tristeza nos meus ombros, mais estrada no meu coração do que medo na minha cabeça. (Cora Coralina)
Atualmente, emerge um interesse cada vez maior pelo processo de envelhecimento humano e pelas transformações biológicas, sociais, ambientais e psicológicas que decorrem nesta etapa da vida. Sabe-se que os problemas de saúde da população mais velha são, geralmente, crônicos e múltiplos, com necessidades diferentes e muito particulares em relação aos indivíduos mais jovens,quadro esse que exige profissionais qualificados, integrando equipes multiprofissionais com maior conhecimento e formação em Gerontologia.
A avaliação geriátrica é um processo diagnóstico multidimensional que deve envolver o idoso, a família e o contexto em que está inserido. Na avaliação do idoso busca-se quantificar o grau de comprometimento funcional global (diagnóstico funcional) e identificar a presença de disfunções nos sistemas fisiológicos principais (diagnóstico etiológico ou doenças). A dimensão familiar (suporte familiar) e social (suporte familiar) do idoso são também aspectos fundamentais e devem ser avaliadas rotineiramente.
Esta avaliação multidimensional é imprescindível para a formulação e implementação do plano de cuidados, cujo objetivo principal é a preservação ou recuperação da autonomia e independência do idoso e de sua família. Este plano de cuidados é composto por ações de promoção e prevenção de doenças (primária e secundária), ações curativas, de reabilitação e paliativas, conforme a necessidade.
A avaliação e a intervenção geriátrica resgatam a integralidade e a multidisciplinaridade na atenção à saúde, e não se restringem à cura e sim à otimização do funcionamento global e ao conforto do paciente, que podem ser modificados substancialmente. A presença de comorbidades e os níveis múltiplos de intervenção, além da necessidade de avaliação ambiental, psicossocial e familiar, fazem da Geriatria uma especialidade única. As habilidades que devemos desenvolver são, portanto, inúmeras e daí a importância do trabalho interdisciplinar.
No idoso, o foco da atenção desloca-se da intervenção aguda e doença específica, para o cuidado de longo prazo, que deve ser contínuo e multidisciplinar. Embora o diagnóstico das doenças continue a ser crucial, a avaliação do seu funcionamento global torna-se igualmente importante, pois o idoso tende a ter múltiplas doenças e problemas inter-relacionados, e sua habilidade em manter-se independente e autônomo não é necessariamente um reflexo das suas doenças. Daí a necessidade do estabelecimento de PRIORIDADES na implementação do PLANO DE CUIDADOS, visando a longevidade e, principalmente, a funcionalidade global do idoso.
TEXTO DE:
Rosalía Matera – Médica que atua nas áreas de Geriatria e Homeopata no Projeto Mandala.