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Medicina chinesa
Observando-me, fico a saber acerca dos outros e as suas doenças me são reveladas, e observando os sintomas externos adquirem-se conhecimentos relacionados com perturbações internas. Deviam-se procurar para além dos limites naturais, normais que são impróprias e inadequadas; deviam-se observar coisas minúsculas e insignificantes como se fossem de dimensões normais, pois quando assim tratadas não se podem tornar perigosas. (Imperador Amarelo)
A Medicina Tradicional Chinesa é uma das mais antigas artes médicas da humanidade. Os sábios médicos chineses, fundamentados em princípios filosóficos e na observação, classificaram uma série de fenômenos da natureza, com o intuito de compreender e sistematizar o funcionamento do corpo de uma forma geral.
De maneira bastante simples, eles constataram que o universo se equilibra através da relação entre duas forças opostas, complementares, cíclicas e interdependentes: o Yin e o Yang. Estas dualidades fazem parte de uma mesma unidade, pois não existe nada no universo que seja absolutamente Yin ou Yang. Para avaliar se um determinado elemento é mais Yin ou mais Yan é preciso colocá-lo em relação a outros elementos e considerar as condições em que ele se encontra.
Através da observação, podemos verificar algumas destas forças opostas no universo, como por exemplo, a quietude e o movimento, o som e o silêncio, a luz e as trevas, o masculino e o feminino, o fogo e a água, o dia e a noite, o quente e o frio. Veja o vídeo abaixo para compreender melhor. Não se esqueça de ativar as legendas em português.
A Teoria dos Cinco Elementos é posterior à teoria do Yin e do Yan e passa a complementá-la quando os antigos médicos chineses verificam que a alternância entre o Yin e o Yan gera cinco movimentos ou cinco potências no universo: a madeira, o fogo, a terra, o metal e a água.
Os sábios chineses, então, constatam que, junto com o Yin e o Yan, os cinco elementos constituem todo o universo. Eles estão inter-relacionados, exercem influência uns sobre os outros e são cíclicos. Temos assim, por exemplo, os cinco pontos cardeais (norte, sul, leste, oeste e centro), os cinco órgãos fundamentais (fígado, coração, baço, pulmão e rins), as cinco estações do ano (primavera, verão, verão tardio, outono e inverno).
Para a Medicina Tradicional Chinesa, interessa a saúde do indivíduo alcançada através do equilíbrio destas forças e elementos. O (a) médico (a) verificará a circulação da energia vital (Qi) no corpo e os órgãos que estão em desequilíbrio por excesso ou insuficiência de energia, considerando a influência que cada um exerce sobre o outro, cada período do ano e cada momento da vida do indivíduo.
Olhando, escutando, tocando, cheirando e observando, o terapeuta profissional da Medicina Tradicional Chinesa poderá fazer um diagnóstico bastante acurado, rigoroso e integrado do estado de saúde do sujeito. Alguns aspectos são imprescindíveis para esse diagnóstico:
– Observação do estado geral do indivíduo: compleição física, cor do rosto , características da pele e dos cabelos;
– Características da língua: cor, umidade, mobilidade, saburra e forma;
– Cheiros das secreções;
– Hábitos e preferências alimentares;
– Manifestação das emoções;
– Respiração;
– Temperatura;
– Reações com estados climáticos;
– Umidade do corpo;
– Avaliação do pulso;
Depois da avaliação médica o indivíduo será orientado a fazer um tratamento individualizado, a partir da utilização/combinação de uma ou algumas das seguintes técnicas:
– Acupuntura (uso de agulhas em pontos específicos para aliviar a dor e fazer circular a energia no corpo);
– Auriculoterapia (utilização de agulhas intradérmicas ou sementes, com adesivos em pontos da orelha);
– Moxabustão (aplicação de calor nos pontos meridianos);
– Ventosaterapia (sucção da pele em pontos específicos com o uso de vidros, metais ou bambus);
– Dietoterapia (terapia alimentar chinesa);
– Fitoterapia (remédios naturais produzidos a base de vegetais, minerais e animais);
– Tui ná ou Tuina (massagem e osteopatia chinesa);
– Práticas físicas como o Tai Chi Chuan, Qi Gong (Chi Kung), Liankun, outras artes marciais e atividades terapêuticas na água;
– Meditação.
Para concluir, importante salientar que cada ser é responsável pela busca de seu próprio equilíbrio e da própria saúde. Médicos e terapeutas podem ajudar na prevenção e na cura de doenças, mas cada sujeito deve aprender a se observar, observar a natureza, os alimentos que come, a forma como respira, as emoções que sente e a maneira como vive. A Medicina Tradicional Chinesa é uma filosofia de vida que demanda mudanças de hábitos. Nela não há pacientes, cada um é protagonista da própria história.
REFERÊNCIAS
CHONGHUO, T. Tratado de Medicina Chinesa. São Paulo, Rocca, 1996.
FRÓIO, L. R. A expansão da medicina tradicional chinesa: uma análise da vertente cultural das Relações Internacionais. Disponível em: http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1837/1/liliana%20ramalho%20froio.pdf – Acessado em 26/08/2015, às 17:00.
HIRSCH, S. Manual do Herói ou a filosofia chinesa na cozinha. Editora Corre Cotia.
MACIOCIA, G. Os Fundamentos Da Medicina Chinesa. São Paulo, Rocca, 1996.
Escrito por: Monica Cruvinel